Com cinco anos de atraso, segunda etapa das obras da Vila Autódromo começaram a ser realizadas

Um centro cultural, uma praça e uma quadra de esportes. A Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro garantiu que as famílias que permaneceram na Vila Autódromo, em Jacarepaguá, durante o processo de remoções para a construção do Parque Olímpico, no contexto das Olímpiadas de 2016, teriam essas estruturas prontas em 2017, como segunda fase do projeto, logo após a primeira etapa, que foi a entrega de novas casas. Contudo, somente agora, cinco anos depois, as obras começaram.
A espera de cinco anos atravessou o fim do mandato anterior de Eduardo Paes e seguiu por toda a gestão de Marcelo Crivella. Neste tempo, muitas disputas na Justiça. O início da segunda fase do projeto da Vila Autódromo estava previsto para 20 dias após o término das Paraolimpíadas, que foi em 22 de setembro de 2016. A administração de Paes recorreu quanto ao prazo diversas vezes.
“O mesmo prefeito que assinou o compromisso de fazer a obra, recorreu para não fazer. Vai entender uma coisa dessas. Depois veio Crivella, que não deu a mínima para nós. Tentamos muitas vezes falar com a equipe dele, ser recebido por ele, mas não conseguimos, ele não nos atendeu. A Defensoria Pública tentou nos ajudar, recorreu também, mas a Prefeitura continuava recorrendo para não realizar a obra. A Riourbe chegou a vir fazer medições, mas a Prefeitura recorreu e a obra não começou. Ficou aquela briga de cabo de guerra. Agora, no meio deste ano, a Justiça bateu o martelo, colocou uma multa alta e a Prefeitura não recorreu mais. Depois disso, a segunda etapa das obras pôde, enfim, sair do papel. Mas é bom que se diga que a obra está saindo na base da Justiça. Muita gente pensa que a Prefeitura é boazinha, mas não é. Estão fazendo na base da Justiça”, diz Luiz Claudio Silva, morador da Vila Autódromo, marido de Maria da Penha. O casal ajudou a liderar a resistência dos moradores que decidiram ficar na Vila Autódromo.
No processo das remoções, uma quadra, uma horta coletiva, uma praça e um centro comunitário, construídos pelos moradores, foram demolidos junto com as casas que formavam a Vila Autódromo. As 20 famílias que resistiram ganharam novas residências no local e receberam como promessa que os equipamentos complementares seriam entregues em 2017.
“A Prefeitura está devolvendo o que nos tirou na época. A gente recebe com alegria essas obras, mas sabendo que é fruto da nossa luta”, conta Luiz Claudio.
Os moradores da Vila Autódromo ainda aguardam outra fase do processo, que é o título individual de posse das casas. Atualmente, eles têm um título coletivo. Até o momento, a Prefeitura não informou quando esse documento será entregue.
“Foi um prejuízo enorme para nós ficarmos sem uma sede física, uma estrutura para receber pessoas. Agora somos o Museu das Remoções, as pessoas vêm aqui nos visitar e não temos uma estrutura para abrigar muita gente. Graças a Deus tem a igreja católica aqui . Ficamos sem um espaço de lazer, de encontro, conveniência esse tempo todo. Teve gente que morava aqui e morreu sem ver isso. Espaços que a gente tinha antes das remoções para as Olímpiadas. Nos sentimos desprestigiados dentro da cidade, porque tivemos nossos direitos negados pela Prefeitura mesmo com a Defensoria Pública cobrando esse resultado. São muitos prejuízos, inclusive emocionais. É muito triste o que o Poder Público, o sistema, fazem com quem trabalha e só quer seus direitos”, afirma Luiz.
Procurada, a Prefeitura não se pronunciou sobre as questões abordadas na matéria.
Outro ponto que vem incomodando moradores da Vila Autódromo é a segurança. Eles relatam furtos, invasões de propriedades e tráfico de drogas nos arredores das casas, sobretudo quando acontecem grandes eventos no Parque Olímpico.
Luiz Claudio fala que vê esse caso sem solução. “Nós é quem temos que nos cuidar e entregar na mão de Deus. O abandono com relação a segurança é total. Em época de Rock in Rio, por exemplo, a gente fica torcendo para o evento acabar logo, porque fica muita gente de fora perto das nossas casas e sempre tem venda de drogas por ali e ninguém faz nada”.
Os moradores afirmam que agentes do Barra Presente vão até a Avenida Aberlado Bueno, mas não entram na Vila Autódromo para patrulhar as ruas da comunidade. O Programa Segurança Presente informa que faz rondas gerais por toda a região citada.
As remoções na Vila Autódromo para a construção do Parque Olímpico, onde boa parte das competições das Olimpíadas de 2016 foram realizadas, começaram em 2014. Há um ano, o DIÁRIO DO RIO fez uma matéria mostrando como estava a Vila cinco anos depois dos Jogos.

Patricia Oliveira

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