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Descobri há pouco que podia ser eu mesma no trabalho, diz CFO da Amazon

Elis Rodrigues, CFO da Amazon no Brasil, foi ganhando confiança em ser mais natural à medida que seguia na carreira

Elis Rodrigues hoje é conhecida por sua risada alta. Como líder, busca estar perto do seu time, entendendo o momento e as necessidades de cada pessoa, e compartilhando os seus também. “Todo mundo sabe que meu filho está prestando vestibular, quando é aniversário de algum deles. Quando minha mãe está em casa, chamo para dar um ‘oi’ na call com o time”, diz a CFO da Amazon no Brasil.

Essa abertura toda nem sempre existiu. “A risada alta só foi descoberta da metade para cá da minha carreira, até então eu me continha, falava mais baixo e não trazia a minha vida pessoal.”

Como profissional de finanças, quase sempre rodeada de homens, Elis queria passar despercebida, não queria que os colegas mudassem os assuntos ao lembrar que havia uma mulher à mesa. “Além de mulher, sou uma mulher negra. Desde a faculdade eu achava que tinha que me colocar ‘no meu lugar’, e levei isso para o mercado de trabalho”, diz. Durante a carreira, ela ouviu comentários do tipo ‘você nem é tão negra’, como se isso, e não a sua competência, justificasse a sua presença em espaços de poder e decisão. Hoje, é “madrinha” do BEN, grupo de afinidade de negros da Amazon no Brasil.

A executiva vem de uma família humilde, e teve uma infância que define como “feliz e simples”. Nasceu em São Paulo em uma família mineira que veio fazer a vida na capital paulista. Estudou em escola pública a vida toda e foi transformada pela educação e pela USP (Universidade de São Paulo), onde cursou economia. “Meu pai falava ‘não tenho herança, mas vou deixar vocês ‘estudadas’ para correrem atrás do que quiserem’”.

Inglês como barreira

Na universidade, ela conheceu um universo diferente do seu e fez amizade com gente que falava três línguas e viajava o mundo. Uma dessas amigas foi quem a incentivou a aplicar para uma vaga na gigante P&G. “Eu passei no processo, mas com um super asterisco”, diz. Os recrutadores a chamaram para uma posição inferior porque viram potencial nela, apesar de não ter inglês suficiente para o cargo.

A empresa pagou um curso de inglês e seu primeiro chefe – o “mais chato” e também um dos mais importantes – fez questão de incentivar que ela aprendesse a língua. “Ele me mandava fazer e falar absolutamente tudo em inglês”, diz. Um ano e meio depois, ela foi promovida ao cargo para o qual havia aplicado. E acumulou outras tantas promoções até sair da P&G, 21 anos depois, como diretora sênior de finanças, para assumir o cargo na Amazon.

Carreira é prioridade – mas não a única

Em mais de duas décadas na P&G, Elis viveu duas gestações. Rafael e Gustavo, hoje com 17 e 13 anos, respectivamente, nasceram no início da sua carreira. “Tive o Rafael com 28 anos e com muita insegurança de como seria esse período que eu ficasse fora, se um colega iria passar na minha frente.”

Quatro anos depois, grávida de novo, recebeu uma promoção para gerente sênior, e estava decidida que não queria mais crescer na carreira. Mas, quando voltou da licença, mudou de opinião. “Para continuar sendo a mãe que eu quero ser para eles e com os exemplos que eu quero dar, eu preciso estar completa e eu sei que parte disso é ter uma carreira de sucesso.”

A maternidade exige um jogo de cintura para dar conta das prioridades do momento, mas também trouxe maturidade para tomar decisões com mais clareza. “Nunca deixei de fazer as coisas importantes para os meninos e também nunca deixei de fazer as coisas importantes na minha carreira”, diz. Para a CFO da Amazon, a vida é uma só. “Eu vou priorizando as coisas conforme elas precisam ser priorizadas.”

Quando olha para trás, ela vê que não precisava ter vivido algumas dessas inseguranças – apesar de serem justificadas pelo fato de que depois de dois anos da licença-maternidade, quase metade das mulheres está fora do mercado de trabalho. “A gente tem ansiedade quando está no início da carreira de que tudo tem que acontecer muito rápido”, diz. Hoje, percebe que essas metas não fazem tanta diferença no longo prazo.

Turning point da carreira

“Eu acho que foi quando eu voltei da segunda licença-maternidade que eu falei ‘quero e já sei que eu posso’”.

Quem me ajudou

“Meus pais, minha amiga, meu primeiro chefe, e o meu marido. A parceria que a gente tem de estar sempre olhando um pelo outro e apoiando o que o outro quer fazer fez toda a diferença. Em alguns momentos eu falava ‘puxa, tem essa viagem, mas tá complicado essa semana’, e ele falava ‘e daí? você vai’. A confiança que ele me passava de ter uma pessoa que vai estar ali para segurar quando eu não puder e dar apoio moral fez muita diferença.”

O que ainda quero fazer

“Eu ainda quero ter uma experiência internacional. As empresas em que eu trabalhei estavam crescendo muito no Brasil, então tinha mil oportunidades de crescer sem ter experiência internacional necessariamente, mas é algo que eu ainda quero fazer. Acho que vai fazer bem para o meu desenvolvimento de carreira, oferecer oportunidades para os meus filhos e é algo que meu marido também está super querendo.”

Causas que abraço

“A causa da diversidade e inclusão me abraçou muito forte. Realmente fez diferença na minha vida quando eu entrei na faculdade e as pessoas que passaram pelo meu caminho, então essa é uma causa que eu abraço bem fortemente. E os homens também têm um papel muito importante nessa questão, de não só apoiar as mulheres, mas também de mostrar que o equilíbrio da vida pessoal e profissional também é importante para eles porque o homem também tem que ser um bom pai.”

Minha formação

Economia pela USP (Universidade de São Paulo)

Fonte: Forbes
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Patricia Oliveira

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