Em março de 2021, a Geru e a Rebel uniram suas operações para criar a Open Co, fintech de crédito pessoal sem garantia que nasceu com 100 mil clientes ativos. Agora, prestes a completar dois anos da fusão, a empresa está incorporando uma nova marca para adicionar novos elementos a essa equação.
A companhia anuncia nesta quinta-feira, 15 de dezembro, a compra da BoletoFlex, startup catarinense especializada no modelo de Buy Now Pay Later (BNPL), a versão digital do “velho” crediário popularizado, no Brasil, por redes como a Casas Bahia, e que vem despertando o apetite de empresas no País e no exterior.
Primeira aquisição na trajetória da fintech, o acordo foi antecipado com exclusividade ao NeoFeed. Com a transação, que envolveu troca de ações. Célio Ikeda, Pedro Noll, Carlos Nakazawa e Leandro Machado, os quatro sócios da BoletoFlex, se tornam acionistas da Open Co. A empresa não revelou qual foi o valuation da startup na negociação.
“Nós vimos na BoletoFlex a oportunidade de consolidar um trabalho que já vínhamos fazendo no Buy Now Pay Later”, diz Sandro Reiss, cofundador da Open Co, ao NeoFeed. “Eles têm um time forte e já estavam fazendo isso há mais tempo. Com essa aquisição, vamos dar um par de passos de uma vez só.”
Nesse caminho, a empresa vai incorporar 100% da equipe da BoletoFlex. Fundada em 2019 e com sede em Florianópolis (SC), a startup tem cerca de 20 funcionários, especialmente em áreas como tecnologia e data science. O time da Open Co, por sua vez, conta com aproximadamente 250 profissionais.
O modelo da BoletoFlex permite que o consumidor parcele compras online sem a necessidade de um cartão de crédito. Para isso, a empresa mantém parcerias com marcas e varejistas, e está integrada aos canais dessas empresas, sejam eles lojas físicas, digitais ou mesmo operações de televendas.
É nessa rede desenvolvida pela BoletoFlex que a Open Co enxerga um dos grandes racionais para a aquisição. Atualmente, a startup tem mais de 100 parceiros, em uma carteira composta por nomes como Ame Digital, Multi (ex-Multilaser), Mobly, CVC, Atrio e Positivo.
A base atual da Open Co no espaço do Buy Now Pay Later inclui aproximadamente 20 parceiros, entre eles a MadeiraMadeira, startup unicórnio dona de uma plataforma de móveis e artigos para casa. Com a chegada da BoletoFlex, a meta é chegar a 1,5 mil parceiros até 2025.
“O fato de ser o único produto do portfólio fez com que eles escalassem bastante nessa frente”, explica Rodrigo Bruni, head de B2B da Open Co. “Nós não estávamos em boa parte desses parceiros e vamos ganhar um aumento de carteira relevante para nos tornamos uma referência nesse espaço.”
A rede de parceiros da BoletoFlex é composta por mais de 100 parceiros e nomes como Multi, Ame Digital, CVC e Mobly
Ao dar um banho de loja digital no crediário, o mercado de BNPL movimentou US$ 125 bilhões globalmente em 2021, segundo a Precedence Research. Até 2030, a consultoria projeta um crescimento composto anual de 43,8%, no segmento e uma receita de US$ 3,2 trilhões ao fim desse período.
Hoje, esse mercado comporta nomes que nasceram sob esse modelo, casos da americana Affirm e da sueca Klarna. As duas empresas, no entanto, vêm enfrentando dificuldades, diante dos efeitos do cenário macroeconômico e das correções que estão afetando as empresas de tecnologia.
Ao mesmo tempo, o segmento de BNPL já atraiu gigantes do setor como a Amazon e o PayPal. O sinal mais recente veio da Apple que, em junho deste ano, anunciou o lançamento do Apple Pay Later, serviço que é sua aposta nesse formato.
Já no Brasil, a Open Co vai disputar espaço também com grandes empresas, entre elas, a Via, dona da Casas Bahia, e a Midway, financeira do grupo Guararapes, controlador da Riachuelo, que já estão desenvolvendo soluções sob esse conceito.
Outra rival é a colombiana Addi, que desembarcou no Brasil em março deste ano e que já levantou um total de US$ 376 milhões em recursos, entre aportes e operações de dívida, junto a empresas como Andreessen Horowitz, Goldman Sachs e Softbank.
Porta de entrada
Novata nessa disputa, a Open Co tem outras linhas em seu portfólio. O carro-chefe da empresa são os empréstimos pessoais, com crédito de R$ 1 mil a R$ 50 mil, em até 36 vezes e com taxas personalizadas a partir de 1,9% ao mês. A fintech enxerga, porém, um papel importante para o BNPL nesse escopo.
“Há várias jornadas em que podemos ter um ponto de contato com um cliente, mas o momento de financiar o consumo de um bem é um momento muito positivo na vida do consumidor”, diz Reiss. “Então, o BNPL é uma porta de entrada para o nosso ecossistema que vamos incentivar.”
A Open Co já atendeu mais de 7 milhões de clientes e acumula um volume superior a R$ 3 bilhões em créditos concedidos. Para seguir financiando essas operações, a captação mais recente, realizada em novembro, envolveu um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) de R$ 200 milhões.
A Open Co já atendeu mais de 7 milhões de clientes e acumula um volume superior a R$ 3 bilhões em créditos concedidos
Antes, a empresa já havia captado um FIDC de R$ 1,5 bilhão, em abril de 2021. Apesar desse volume de recursos, em 2022, os planos da empresa foram afetados pelo cenário macroeconômico, o aumento do custo de capital, a alta dos juros e, por consequência, pela inadimplência.
Embora não revele os níveis de inadimplência na carteira da Open Co, Reiss observa que eles estão piores do que as médias históricas da operação, mas ainda performando “melhor que a média do mercado”.
“Diferentemente do que tínhamos planejado, nós optamos por crescer menos a nossa carteira de crédito nesse ano”, diz. “Assim, decidimos olhar mais para dentro de casa e seguir investindo no time, em tecnologia, em produtos e canais.”
Essa estratégia foi apoiada por um aporte de R$ 600 milhões, liderado pelo Softbank e captado em dezembro de 2021. Agora, depois de fechar sua primeira aquisição, a empresa não descarta adicionar novas peças em sua esteira de M&As.
“Não temos um plano deliberado e grandioso de expansão inorgânica. Nosso foco é construir as nossas experiências dentro de casa”, afirma Reiss. “Mas temos mantido muitas conversas e, caso alguém esteja fazendo algo que queremos, à nossa frente ou de um modo diferente, vamos avaliar a oportunidade.”
Fonte: Neofeed
O post Fintech Open Co faz primeira aquisição e avança no crediário digital apareceu primeiro em BizNews Brasil :: Notícias de Fusões e Aquisições de empresas.
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