Após conseguir o acesso à Série A, o Vasco apresentou oficialmente nesta terça-feira sua nova estrutura fora dos gramados. Em coletiva de imprensa no CT Moacyr Barbosa, o Ceo Luiz Mello apresentou os diretores Lúcio Barbosa (financeiro) e Gisele Cabrera (jurídica), além de alguns funcionários que terão funções estratégicas, como Pedro Seixas, responsável pela reforma do CT. Eles já vinham trabalhando no clube.

Mello prometeu um Vasco protagonista nos próximos anos, mas não quis entrar muito no assunto futebol, pasta de responsabilidade de Paulo Bracks. No entanto, ele comentou sobre a montagem do elenco para 2023.

– O Vasco continua sendo do tamanho desses clubes (Flamengo e Palmeiras) e vai buscar os títulos, mas é um processo. Não posso enganar os torcedores. Flamengo e Palmeiras demoraram um tempo para formar esses elencos. Vamos fazer os ajustes, teremos uma mudança brusca no nível dos atletas. Grande parte dos contratos termina agora, vamos ter que trazer mais jogadores, demora um pouco para ter o entrosamento. Já queremos disputar o Carioca com protagonismo, mas vai ser experiência para os outros campeonatos. E poderemos ajustar na segunda janela. Não podemos mais contratar 20 jogadores todo ano, temos que formar um time. Esse ciclo que tivemos nos últimos dois anos, de desmanche, é muito ruim.

Luiz Mello explicou como estão sendo usados e como serão usados os recursos da SAF no dia a dia do futebol.

– Temos orçamento, vai ser aprovado no Conselho Fiscal, que vai ser formado em três semanas. O que o Josh (Wander, proprietário da 777) disse é que vai colocar à disposição mais recursos. Temos estatísticas para analisar atletas e auxiliar Paulo Bracks e equipe para buscar os melhores. Vamos ter especialistas para pegar informações do nosso torcedor e potencializar o programa de Socio-torcedor. Vamos qualificar o nosso elenco. Considerando os investimentos, desde que a 777 entrou colocamos os salários em dia. Isso é uma primeira utilização dos recursos, há mais de oito meses não há atrasos. Conseguimos trazer profissionais de outros clubes que hoje querem trabalhar no Vasco. O investimento vai ser revestido no futebol, melhorando também a infraestrutura. Começamos a fazer obras no CT. Chegamos no domingo e na segunda já tinham caminhões pra melhorar os campos. Aí que serão usados os recursos pra melhora técnica e de estrutura.

– Na negociação R$ 700 milhões são para investimento e R$ 700 milhões para dívidas. Temos que aportar esse dinheiro para voltar ao protagonismo, mas para também desenvolver os talentos, até porque conseguimos o acesso também com os crias. Não vou entrar muito no mérito de números, de quanto será investido. Hoje temos dois potes, um para pagar dívidas e outro para investir. Isso facilita o trabalho e a busca de atletas. O potencial do Vasco é reconhecido e vamos fazer com que ele se realize. Lotamos quase todos os jogos em São Januário, levamos oito jogos para a TV aberta. Queremos ser protagonistas já a partir do ano que vem – explicou Mello.

– A 777 entende que o Vasco é o carro-chefe do grupo e tem que ter o investimento adequado. Se tivermos bons jogadores mais velhos ou mais novos, vamos ver se faz parte do nosso contexto de números, do perfil de jogo, conversar com o técnico. Não vamos trazer só jogadores de 20 anos, até porque tem a pressão também, e precisamos dar experiência para os jovens. Tivemos atletas mais experientes esse ano e temos que agradecer a eles, o Nenê representa muito para o Vasco. Tem 41 anos, mas os números dele são absurdos. O Raniel por tudo que ele sofreu, a coragem que teve contra o Sport. Eu brinco que nunca teria a coragem de cobrar aquele pênalti. Esses caras vão dar a experiência para o time desenvolver em campo e trazer de volta o protagonismo que a torcida quer.

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Nova era e expectativa alta

– Estou feliz de estar aqui depois do que passamos no domingo. Estamos empolgados para o ano que vem. Começa com a expectativa alta, a 777 pode fazer investimentos diretos. Sabemos que esse ano foi complicado, mas o objetivo foi cumprido. O Vasco está de volta a Série A e uma nova era vai começar. Não vamos deixar pra trás o que é o Vasco da Gama. Agradeço ao torcedor por nós ter auxiliado nesse processo, sei a frustração do ano passado e a perspectiva desse ano que vem – disse Luiz Mello.

Função do CEO

– Sei que muita gente pergunta o que um CEO faz no clube. O meu papel é certificar que todos consigam trabalhar. Sou o maestro e todos tocam o piano da melhor forma possível, sem política envolvida. A gente está acostumado com um presidente que tem grupos políticos que o apoiam e você tem que dividir o clube. Eu estive dos dois lados. Antes cada VP tinha um executivo que se reportava a mim. Hoje cada diretoria e responsável por suas metas, tem seus objetivos, meu papel é certificar que isso aconteça. Futebol é uma das caixas, o carro-chefe, e vamos ter que andar em conjunto. Não adianta fazer como antes, trazer um jogador não será uma decisão de uma pessoa apenas. O Vasco tem que voltar a ser protagonista nos campeonatos que disputar.

Maracanã e São Januário

– Entendemos que temos duas casas, São Januário e Maracanã. O potencial construtivo de São Januário é um processo político, vamos fazer de tudo para que o estádio seja ampliado com dinheiro privado, a reforma que São Januário.

– E vamos precisar do Maracanã. A WTorre tem arenas importantes no Brasil. O Maracanã é rentável sim, podemos fazer eventos também, e isso será bom para o estado do Rio. A Legends é operadora dos maiores estádios do mundo e eles querem colocar o Maracanã no portfólio deles. Estamos trazendo profissionalismo, pessoas certas para o lugar certo. A junção Legends, WTorre e Vasco potencializa a utilização do Maracanã. Temos interesse na concessão e até mesmo numa concessão precária. Mandamos um ofício ao governador. Entendemos que podemos atuar nessa concessão precária, já queremos que a próxima renovação já leve isso em consideração. Estamos conversando para poder utilizar o Maracanã o mais breve possível.

– Não existe razão para que o Vasco não seja chamado para a conversa sobre Maracanã, então não pensamos em judicializar ainda. Nos colocamos à disposição, estamos falando publicamente sobre nosso interesse, íamos participar da licitação, que não aconteceu.

CTs

– Temos dois CTs, duas concessões públicas. O CT Moacyr Barbosa é da Prefeitura, existe uma transição em sair da associação para a SAF e estamos em conversa com a Prefeitura para fazer essas obras. Os dois campos estão em obras e a ideia é que nos próximos 45 dias aconteçam as melhorias. Em Caxias (CT da base) é uma concessão federal, estamos no trâmite para transferir para a SAF e, quando tivermos segurança jurídica, vamos investir. Entendemos que investimento no futebol não é só em atletas, mas em estrutura. Por isso até ficamos quatro dias em um resort em Itu para que todos tivessem com a cabeça só no jogo.

Prazo para conclusão da reforma do CT

– É um processo que vai demorar mais de uma temporada (reforma do CT). O projeto original de seis Campos não é rápido botar um campo de pé demoram seis meses. Temos que tirar os muros, capinar, planar e começar a estrutura de campo. Vamos aumentar o campo e melhorar. Se até dia 8 não tiver pronto temos a possibilidade de usar São Januário. O Carioca só começa dia 15 de janeiro, temos tempo até lá. É uma concessão pública, só vamos fazer o investimento se tivermos segurança jurídica, estamos conversando com o governo. Até termos essa segurança, vamos fazer mudanças para dar conforto aos atletas. Até o começo do Carioca vamos ter algumas mudanças significativas.

Situação do Jorginho

– O trabalho continua, não começa amanhã nem começou semana passada. O Paulo Bracks está aqui vendo com o pessoal de análise quais atletas podem continuar e quais vão sair. A partir do momento que definimos qual campeonato vamos disputar isso afunilou, começamos a clarear mais as coisas. O Jorginho foi um cara sensacional, de grupo, auxiliou esse grupo o objetivo, segunda vez que ele sobe o Vasco, a equipe dele é muito boa. Vamos ter muitas especulações, janela aberta, vários nomes vão surgir, alguns nomes não fazem sentido, outros já falamos sobre, mas ainda sem muita coisa. Quando chegar o Carioca já teremos uma equipe.

Patrocínios

– A gente sabe que no caso tanto da Prefeitura quanto do Governo Federal temos livre acesso para conversar e dar segurança ao investidor. Caso precisarmos sair daqui, temos alternativas. Temos hoje muitos patrocínios, isso aumentou muito do ano passado pra cá, mas nunca teve separação de Série A ou Série B. O Vasco entregou na Série B muito mais que clubes de Série A. O Vasco teve vários jogos em TV aberta, é um dos clubes com mais engajamento nas redes sociais, tem a torcida junto. A partir do momento que podemos negociar de forma melhor, com as melhores bases, e fazer a contraproposta pra valorizar nossa marca. Estamos fazendo análises. Vamos também potencializar o sócio-torcedor e valorizar nosso programa e dar mais benefícios ao torcedor. Está tudo na pauta.

Processo de contratações

– As contratações não serão escolhidas por uma pessoa só. Temos um grupo de analistas, o diretor do grupo, que é o Johannes (Spors, executivo da 777), o Sebastian Arenz (head scout do Genoa) está também com a gente aqui. Você fala com o Paulo Bracks e todas essas pessoas. São vários fatores envolvidos, como tempo de contrato… Hoje temos pessoas mais próximas para decisões mais rápidas. Ontem eu falava com o Don Dranfield (CEO esportivo da 777) de madrugada por conta do fuso, e de manhã a Gisele Cabrera (diretora jurídica) já estava fazendo o contrato. De 10 da noite até 10 da manhã já resolvemos muita coisa.

Situação do Nenê

– Nenê é um ídolo, um cara importante, foi sensacional para o nosso ambiente, chamou a torcida, acalmou jogadores, foi guarda-chuva para os jovens. Um ídolo, tem que ser respeitado, com 41 anos conseguiu entregar, muito competitivo, não gosta de perder. Um cara que está sempre rindo. Respeito muito.

Recado ao torcedor

– Só temos que agradecer ao torcedor, que mostrou se tamanho e sua forca mesmo com os problemas dos últimos anos. Agradeço por ter segurado esse grupo. Tenham ambição, o Vasco vai ser protagonista, mas é um processo. Não queremos voos de galinha. Vamos seguir o processo, melhorar a estrutura, qualificar o elenco e fazer com que a torcida viva sua paixão da melhor maneira. Pode demorar mais do que vocês queiram, mas estaremos no caminho certo.

Fonte: ge