Paula Lindenberg é presidente no Brasil da Diageo, maior fabricante de bebidas destiladas do mundo
“Não quero ter razão, quero ter sucesso”, diz Paula Lindenberg sobre a construção de uma cultura corporativa em que os colaboradores tenham curiosidade e ousadia – inclusive para discordar. “Preciso de um time que faça a gente pensar diferente, que traga novas alternativas, que leve a melhores decisões.” Paula está na lista da Forbes dos melhores CEOs de 2022.
Em nove meses como presidente da Diageo no Brasil, a executiva, vinda de 20 anos de Ambev, conta já ter revisado alguns de seus conceitos sobre destilados. Apostava, por exemplo, que os ready to drink, como Smirnoff Ice, eram o grande caminho para recrutar consumidores de cerveja. Mas foi convencida pela equipe de que havia opções mais rentáveis, como a coquetelaria, e isso levou ao lançamento de Johnnie Blonde, um uísque voltado para uso em coquetéis.
As metas para a operação brasileira são altas. “Temos ambição financeira de mais do que dobrar a companhia até 2026”, diz Paula. No último ano fiscal, encerrado em junho, as vendas líquidas da região PUB (Paraguai, Uruguai e Brasil) cresceram 36%, impulsionadas principalmente pelos números brasileiros, com alta de 32%. “Também ganhamos share tanto em destilados quanto no total álcool e nas categorias uísque, vodca, gim, ready todrink e cachaça.”
Paula entrou para a Diageo em janeiro de 2022 para comandar a região PUB, mas, desde julho, passou a se concentrar apenas no Brasil. A saída do cargo de presidente para Reino Unido, Irlanda e Espanha da Anheuser-Busch InBev veio da vontade de voltar de Londres para São Paulo e trazer estabilidade para as filhas, de 15 e 12 anos.
Dentro do grupo cervejeiro, a paulistana já tinha também liderado a área de global insights em Nova York e, entre 2015 e 2018, assumido a vice-presidência de marketing no Brasil. “Fui a primeira mulher a ser vice-presidente da Ambev”, diz. “O que me orgulho bastante desse período foi um trabalho de brigar com o estereótipo que a cerveja tinha criado em torno da mulher.” Começou com a confecção de novos cartazes para a Skol por uma equipe de ilustradoras e levou a empresa a assumir o compromisso de não mais fazer comerciais com modelos de biquíni. “Entendi que meu trabalho era maior do que vender cerveja. Era mexer em cultura. É uma bênção ter marcas que podem gerar conversa.”
São conversas que agora ela diz ter na Diageo, em que já encontrou um ambiente mais maduro em relação a temas como diversidade, com licença paternidade e maternidade de seis meses e 50% de mulheres em cargos de liderança. “Mas, de novo, temos marcas que são muito maiores do que o álcool. Johnny Walker tem um posicionamento que é ‘keep walking’. Depois de dois anos de pandemia, em um momento de guerra, talvez não tenha nada que as pessoas precisem mais do que ‘keep walking’.”
Fonte: Forbes
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