Na madrugada desta terça-feira (20/08), faleceu aos 90 anos o renomado arquiteto brasileiro Edison de Cesaro Musa. Com um vasto legado de quase 800 edifícios de grande escala, Musa nasceu em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 1934. Foi ao ingressar na faculdade que ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde consolidou sua carreira e, em 1963, fundou o escritório de arquitetura EMAC — Edison Musa Arquitetura e Construção, sediado por anos em Copacabana.
Edison Musa foi aprovado em primeiro lugar na Faculdade de Arquitetura do Rio Grande do Sul, onde estudou por três anos antes de se transferir para a Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual UFRJ. Formou-se em dezembro de 1957 e, no ano seguinte, seguiu para Paris, onde estagiou por oito meses no escritório do arquiteto Georges Candilis, um dos fundadores do Team 10 e discípulo de Le Corbusier. Durante sua experiência no escritório Candilis-Josic-Woods, Musa observou de perto o papel do arquiteto como coordenador de projetos e teve contato com as diversas equipes de trabalho, as quais apelidou carinhosamente de ‘timinhos’, responsáveis por uma enorme produção arquitetônica.
Após retornar ao Brasil em 1959, o arquiteto iniciou sua carreira na velha construtora Costa Pereira, Bokel, onde trabalhou enquanto desenvolvia projetos avulsos, na expectativa de eventualmente traçar seu próprio caminho profissional. Foi nesse período que surgiram seus primeiros clientes, entre eles a construtora Gomes de Almeida Fernandes (GAF), hoje conhecida como GAFISA. A parceria com a GAF permitiu que Musa se envolvesse em uma série de projetos que gradualmente ampliaram suas oportunidades de atuação. Esse envolvimento culminou, em 1963, na fundação e registro oficial de seu próprio escritório de arquitetura. Ao longo dos anos, a carreira de Edison Musa, que começou nos canteiros de obras, evoluiu para a criação de um escritório de arquitetura que empregava mais de 65 profissionais, incluindo arquitetos, desenhistas e estagiários, além de uma equipe de apoio composta por bibliotecária, secretárias e pessoal de limpeza e manutenção. Musa também presidiu a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA) por oito anos, em quatro mandatos. Teve por décadas como parceiro o irmão Edmundo Musa, ainda atuante e um dos mais conceituados da cidade.
Edison iniciou sua carreira com o projeto do Edifício Mercantil Finasa, um prédio comercial de 40 pavimentos em São Paulo. Em seguida, realizou importantes projetos como o Centro Empresarial Paulista, o Centro Empresarial Transatlântico e a Sede do Grupo Sul América Seguros. No setor hoteleiro, projetou o Caesar Park em São Paulo e no Rio de Janeiro, o Ilha de Comandatuba Resort em Ilhéus (Bahia), o L’Hotel e o Capital Flat em São Paulo. Ainda desenvolveu projetos para o Lloyds Bank em sete cidades brasileiras e os edifícios-sede do Grupo Ipiranga no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Entre 1975 e 2003, atuou como Chairman para a América Latina no Council on Tall Buildings and Human Habitat.
No Rio de Janeiro, Musa assinou projetos marcantes como o Edifício Caemi (hoje CEB — Centro Empresarial Botafogo), o Colégio Santo Inácio, o Edifício Rio Branco 1, o Edifício Conde Pereira Carneiro e a Sede da FIRJAN. Além disso, destacou-se pelos Núcleos Residenciais de Nova Ipanema e Novo Leblon, que precederam a ocupação da Barra da Tijuca nos anos 1970.
O velório do arquiteto ocorrerá amanhã (21/08), em uma cerimônia privada, reservada apenas para familiares e amigos próximos. No entanto, estão sendo organizadas homenagens públicas para setembro na sede do Instituto de Arquitetos do Brasil, no Rio de Janeiro, onde admiradores de seu trabalho poderão prestar suas últimas homenagens e se despedir.

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