Todos nós que acompanhamos o Botafogo diariamente sabemos que raramente vimos um elenco tão poderoso vestindo a nossa camisa. Isso se reflete nas grandes contratações e no fortalecimento da nossa qualidade na temporada de 2024. Tivemos a chegada “midiática” da dupla Almada e Luiz Henrique, mas a montagem do elenco foi muito bem estruturada para além deles, com contratações não tão alardeadas, mas que em campo têm feito uma diferença extremamente positiva para o time. Poderia destacar vários jogadores, como Savarino e John, mas hoje quero falar sobre o nosso “pitbull”, Gregore.
Lembro bem da minha felicidade quando soube que o Botafogo estava efetivamente contratando o Gregore. Eu já acompanhava a carreira dele desde os tempos do Bahia e, mais de perto, quando ele veio para a MLS, pois moro nos EUA. O Inter Miami nunca me chamou muita atenção, mas tive a oportunidade de assistir a um jogo deles ao vivo e, naquele dia, fiquei ainda mais impressionado com o Gregore. Foi incrível ver como ele dominava o meio-campo e como a braçadeira de capitão claramente não foi dada a ele por acaso. Daquele dia em diante, passei a acompanhar mais estatísticas dele e assistir a alguns jogos também.
Quando a sua chegada ao Botafogo foi confirmada, imediatamente pensei que ele poderia ser decisivo para mudar e fortalecer a mentalidade do time. Precisávamos de jogadores que não se permitem entregar menos do que o seu 100%, e essa é uma das maiores características do Gregore. Lembro de ouvir várias críticas a ele no início do Carioca, mas sempre levantei a bandeira do “contexto” e da paciência.
O Gregore chegou ao Botafogo logo após iniciar seu retorno aos gramados com frequência, depois de uma grave lesão que o afastou por seis meses. Era óbvio que ele precisaria de tempo para se readaptar ao futebol brasileiro e recuperar gradualmente a confiança física para render o seu melhor. A falta de paciência de parte da torcida ficou evidente em vários momentos, e eu sempre pedia calma na análise. Dizia durante o Carioca que o Gregore seria titular do Botafogo, pois a titularidade sempre esteve presente em sua carreira profissional. Era uma análise simples de fazer, mas para chegar a ela era preciso deixar de lado o descontentamento com o início de temporada ruim do time e a lembrança de 2023.
Com a chegada de Artur Jorge, o futebol do nosso camisa 26 foi ganhando força, e quando a torcida se deu conta, ele já era peça fundamental. Arrisco dizer que muito do sucesso do trabalho de Artur deve ser creditado ao brilhante desempenho do Gregore. Sabemos que o Botafogo joga de forma muito ofensiva e, até pouco tempo atrás, havia uma diferença qualitativa significativa entre as peças defensivas e ofensivas. Nesse cenário, o Gregore foi essencial para dar o equilíbrio necessário ao time, evitando que o nosso estilo de jogo flertasse com um estilo “kamikaze”. Se não fosse pelo trabalho de sustentação defensiva oferecido por ele, não teríamos alcançado o nível de solidez suficiente para colocar toda a nossa qualidade ofensiva em campo. A presença de um jogador como Gregore também faz com que todos ao seu redor acabem se cobrando mais, pois é impossível olhar para ele em campo e não se sentir na obrigação de se doar tanto quanto ele se doa.
A jornada do nosso pitbull precisa servir como aprendizado para quando formos avaliar jogadores “sem nome” que, porventura, estejam chegando de mercados não muito competitivos, pois se o nosso setor de scouting buscou e aprovou o nome, o mínimo que devemos oferecer ao jogador é paciência para que ele demonstre o potencial que o colocou no radar do Botafogo.
O Gregore personifica a alma deste Botafogo de 2024 e eleva o nível de todos os jogadores. Essa é uma verdade inquestionável e que precisa ser dita!
TMJ, Pitbull!