O dono da SAF do Botafogo, John Textor, mal fala português, mas usa a primeira pessoa do plural sempre que cita o Brasil: nosso futebol, nossos jogadores, nosso campeonato, até mesmo nossos árbitros. Essa relação com o país, ele conta nesta entrevista ao quadro Abre Aspas, é o que o motiva nas cruzadas em que se envolve.
Ao longo de 2h10 de entrevista, o empresário americano detalhou sua obsessão com manipulação de resultados, se defendeu do que considera perseguição do STJD e de outros dirigentes, antecipou que vai abrir as ações de sua holding na Bolsa de Valores, anunciou que está prestes a lançar um documentário sobre 2023 e previu um grande problema para o futebol brasileiro:
– O Brasil trouxe o dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos nada, se não criarmos um teto salarial, o Bahia [que pertence ao Grupo City, financiado por Abu Dhabi] vai ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos.
Ficha técnica:
Nome completo: John Charles Textor
Nascimento: 11 de novembro de 1964, em Kirksville, Missouri (EUA)
Profissão: empresário, é o acionista majoritário e presidente da Eagle Football, principal acionista do Botafogo, Lyon (França), RWC Molenbeek FC (Bélgica) e Crystal Palace (Inglaterra).
Abre Aspas para John Textor
Quão longe vai o Botafogo em 2024?
— Ainda é cedo. Dado o que aconteceu em 2023, nós queríamos ter uma chance de competir e estar no topo cedo. Tem muitas equipes boas no topo, uma diferença de apenas três pontos, mas é muito bom estar lá.
O que esperar desse jogo contra o Palmeiras nesta quarta?
— Vamos ter casa cheia. Em outros tempos, no passado, quando estávamos montando esse elenco, ter o estádio cheio nem sempre era algo bom (risos). Mas hoje é. É uma festa. Os torcedores se sentem parte de tudo.
Tem algum sentimento de vingança?
— Intensa ambição, não vingança. Todos os fatores fora de campo que podem trazer esse sentimento de vingança não têm nada a ver com os jogadores. Eu admiro o Abel [Ferreira]. Tentei contratá-lo, ele disse não repetidamente. Os jogadores e a base [do Palmeiras] são fantásticos. Eu compro jogadores de 20 milhões para competir com alguém que eles formam na própria casa, porque nós somos novos nisso. Eles são favoritos todos os anos, então você quer vencer o melhor time.
John Textor diz que tentou contratar Abel Ferreira — Foto: André Durão
Botafogo, Palmeiras e Flamengo são os favoritos?
— Não estamos jogando tão bem quanto podemos. Temos um ótimo treinador, ele é ótimo com os jogadores e no vestiário. É um sistema novo, é diferente do que jogávamos no passado. Os jogadores e o técnico têm um nível de confiança e há a expectativa de brigar pelo título. Mas eu sou um torcedor, eu assisto a esses jogos como todos os outros. Não tenho expectativas, eu só tento aproveitar a jornada.
Que avaliação faz desde que chegou ao Brasil?
— Voltando ao dia 11 de março de 2022, no momento em que assinamos o contrato de compra, nós tínhamos quatro jogadores com experiência de Série A a cinco semanas para o Brasileirão começar. Eu olho de volta para esse dia e foi significativo ter permanecido na primeira divisão. Recebi várias mensagens de torcedores reclamando, falando que eu era uma piada e pedindo um time competitivo. Voltando ao ano passado, cometi erros, foi horrível o fim da temporada. Eu reclamo de muitas coisas que aconteceram sobre manipulação, mas o fato é que poderíamos ter apenas vencido um jogo no fim do ano. Poderíamos ter segurado uma vitória por 1 a 0 no fim por duas vezes e seríamos campeões. Foi horrível. Estou muito orgulhoso hoje. Pessoas do estafe, cozinha, comissão técnica, funcionários… Como eles acordam e vão trabalhar todos os dias faz a diferença. Eu poderia ficar na minha casa dos Estados Unidos e não aparecer, mas olha onde estamos hoje. Temos uma nova chance.
Do que se arrepende em 2023?
— Eu deveria ter ficado com o Bruno Lage. Ele teve um colapso por causa do futebol brasileiro, pela intensidade nas entrevistas coletivas. Ele é um grande professor. Os jogadores não se acostumaram com ele. Eles só queriam jogar futebol, e ele trouxe muitos ensinamentos e conceitos para o dia a dia. Eu acho que poderia ter ajudado com isso. Ele ganharia os seis pontos de que precisávamos (para o título), acharia uma solução. Pode ser uma controvérsia, é muito fácil ficar chateado com a pessoa, e não é que não tivemos bons treinadores depois, mas depois do Bruno a falta de continuidade foi culpa minha.
Faz algum tempo que o senhor começou a falar sobre corrupção, manipulação de resultados. Valeu a pena?
— Há muita conversa nos programas esportivos sobre eu causar problemas para o país. Ninguém deve ter vergonha disso, porque acontece em todo lugar. A empresa que nos ajuda aqui [Good Game] monitora Roland Garros, um jogador da NBA foi banido [Jontay Porter]. Honestamente, não acho que eu tenha cometido muitos erros.
Teria mudado a maneira como abordou o tema?
— Eu poderia ter apresentado o argumento de forma diferente, sem ser tão específico. O que está acontecendo agora é uma piada. Pela primeira vez o denunciante está sendo acusado. Como eu sei que existe corrupção no futebol? Porque Leila e Ednaldo me disseram. Os dois anunciaram uma força-tarefa contra manipulação em Wembley [em março, na véspera de um amistoso da seleção]. Por que eles precisam de uma força-tarefa se não há manipulação no Brasil? Por que o gringo é o cara marcado por trazer problemas ao Brasil quando é um problema global, já foi admitido aqui e a CBF se encontra com representantes de outros clubes, mas não comigo? Anunciaram a força-tarefa porque estão com medo de manipulação no Paraguai, Guatemala ou Turquia? Não, a preocupação é aqui.
Não se arrepende de ter nomeado São Paulo, Fortaleza e jogadores específicos destes times?
— Eu fui obrigado a fazer isso. O STJD não é um tribunal de verdade. Eu acho que tudo isso deveria estar nas mãos de um promotor de verdade. Eu ocultei os nomes dos jogadores e entreguei de maneira confidencial para o STJD. Depois disso eu fui perseguido, na imprensa, pela Leila. “Mostre as provas! Mostre os nomes!”. Eu não sei quem é o responsável pela manipulação nesses jogos. Eu não posso dizer por que aconteceu, por que fizeram. Por paixão? Por amor? Por dinheiro? Eu não sei. Mas Leila não deveria ser a pessoa liderando a acusação contra mim, me fazendo mostrar evidências. Porque o Palmeiras poderia ser parte, o São Paulo poderia ser parte. Talvez um apostador, uma empresa de apostas poderia ser parte da investigação. Eu não tinha escolha a não ser mostrar as provas.
Para o STJD?
— Sou acusado de fazer acusações sem provas. Mas eu não fiz acusações. Eu mostrei um relatório confiável, de um expert estabelecido, que diz definitivamente, com 99% de certeza, que o jogo foi manipulado. E menos de 48 horas depois eles [do STJD] dizem: “Não vale a pena. Não vamos investigar”. Mas eles nem leram o relatório. Eles nem me entrevistaram, nem entrevistaram a empresa [que fez o relatório], não checaram a credibilidade do expert. Mas, ironicamente, quando eles foram pressionados a fazer algo a respeito, eles não me convidaram de volta lá para mostrar as provas. Não é apropriado, é vergonhoso.
Quais provas são essas?
— São dois relatórios diferentes, com objetivos diferentes, produzidos por esta mesma empresa, Good Game. Até pouco tempo atrás, eu não tinha entendido o dano que está sendo causado pela confusão de misturar os dois. Esse auditor do STJD, Mauro [Marcelo], o cara que ama o Palmeiras e está no STJD, ele misturou os dois relatórios de um jeito muito inapropriado. Existe um relatório chamado “Ref. Eval” [avaliação de árbitros]. Esta ferramenta avalia cada milissegundo, cada decisão, cada apito.
— Eu nunca ofereci o “Ref. Eval” como prova de que um jogo foi manipulado. Mas sim como um complemento ao relatório de “Match Fix”, que mede “desvios de comportamento”. Então, se você está fazendo uma investigação séria sobre manipulação de resultados, teria que perguntar se, de todos aqueles cinco gols, quatro podem ter sido resultados de “desvios” e um de má decisão do juiz. Mas esse um pode ter sido um erro honesto.
— Qual é a prova da Good Game? Uma prova, tão boa quanto qualquer outra, não analisa os motivos. Imagine que houve um assassinato. E você tem câmeras em toda a propriedade, em toda a casa. O cara entra, é filmado passando pela porta da frente, ele saca uma arma, ele atira no dono da casa, ele fica em pé ao lado do corpo, se certifica de que está morto, coloca a arma no bolso e sai. Isso é uma prova para você? É uma boa prova, certo? Isso diz que o cara cometeu o crime. Não sabemos por quê. Foi por paixão, amor ou dinheiro? Não sei. Mas temos o suficiente para condenar.
E isso é suficiente para condenar um jogador? Ou para afirmar que uma partida foi manipulada?
— Outras jurisdições, outras entidades, outras investigações policiais, outros órgãos reguladores do mercado de apostas, não apenas empresas de apostas, mas reguladores, governos estrangeiros… Então, sim, eu confio o suficiente para pedir que houvesse uma investigação. Tudo isso é suficiente para que investigadores e a polícia façam outra investigação. Chequem os telefones, chequem as contas bancárias, e então obtenham evidências que corroboram. Não estou dizendo que isso não seja [por si só] uma prova, mas ter evidências que corroboram é ainda melhor. Mas sim, acho que há evidências boas o suficiente. Acho que isso equivale a ter um vídeo do cara andando até a casa, atirando no dono da casa e indo embora.
Quando o senhor fala em desempenho abaixo do esperado, os jogadores não podem estar cansados, pensando em outra coisa, ou sem foco, ou apenas tendo um dia ruim?
— Essa era a grande preocupação que eu tinha sobre essa tecnologia quando ela foi me foi apresentada. E, quando olhei para o trabalho deles, eu não entendi de imediato. Vou te dar um exemplo, de um jogo que não aconteceu aqui: a bola vem de um meio-campista, ela quica na frente do zagueiro. A gente sabe como o zagueiro reage. Ele leva, não sei, 120 milissegundos para reagir. Em alguns casos você tem a vantagem de várias câmeras, você tem paralaxe, então nós, como torcedores, não temos certeza de quão perto ela [a bola] está da cabeça dele, e acontece 20 centímetros acima da cabeça. Então nesta situação, todas as vezes ele estende a cabeça, puxa os ombros para trás, estende as pernas, chuta em direção à bola, manda para longe. Mas desta vez a cabeça volta para os ombros como uma tartaruga, o corpo fica pequeno, não grande, e ele começa se virar quando a bola passa por cima da cabeça dele, e a bola vai para o pé do atacante. E o atacante entra na área, um contra um com o goleiro.
— Agora é que a tecnologia fica boa. O outro zagueiro está se movendo a 22 quilômetros por hora. Ele tem o ângulo, tem a velocidade e está correndo mais rápido que o atacante e pode chegar à bola. E o que ele faz? Ele desacelera. Em vez de baixar a cabeça, baixar os ombros e correr mais rápido, porque sabe que é a última chance de defesa do time, ele puxa os ombros para trás e vai de 22 quilômetros por hora para 14. E ele não alcança [a bola]. E, neste caso específico, ele muda sua trajetória, seu ângulo, aumenta a distância que ele vai percorrer. Essas são coisas que são ensinadas na arte da manipulação de resultados. Como, em vez de interceptar, virar e correr. Ninguém vai pensar que você poderia interceptar a bola se você simplesmente começar a fugir do lance.
— Então, do jeito que essa metodologia funciona, eles medem um desvio [de comportamento]. E um desvio é muito raro. Em 90 minutos, os 22 jogadores e mais os reservas têm, em média, de cinco a oito desvios por jogo. E há jogadas muito ruins, em que você pensando “oh, meu Deus, como ele pôde fazer aquilo?”. Mas esses desvios ocorrem em todos os jogos, e são cinco ou seis deles. Mas então você olha para o jogo entre Palmeiras e São Paulo…
— Os jogadores do Palmeiras no total, o time e mais os reservas, tiveram talvez quatro desvios. Entre todos os jogadores. Talvez cinco. E todas foram consideradas deficiências normais. Mas então você olha para o São Paulo. E vê um jogador, um defensor, que teve oito desvios. Todas em situações de gol, em lances de perigo. Então: reconhecimento, momento do desvio, possível decisão do desvio. E qual é a probabilidade de um jogador ter oito? É próxima de zero. Qual é a probabilidade de esses desvios serem todos em lances de gol? Ainda menor. Qual é a probabilidade de ele ter um companheiro de time que teve seis desvios? Lembrem-se: quatro ou cinco do time do Palmeiras inteiro. Mas você tem um jogador do São Paulo com oito. E outro jogador do São Paulo com seis. E adivinha só: todas em situações de gol.
— Então você termina com sete jogadores que tiveram múltiplos desvios, mas cinco que tiveram tantos desvios, ao mesmo tempo, em situações de gol. A probabilidade estatística de isso acontecer é de apenas 0,01%. Então você chega um ponto de certeza matemática que pensa: “Isso não pode estar acontecendo”.
— Por que este jogador, vendo um momento crítico, reduz a velocidade? Por que ele muda o ângulo? Por que ele escolhe não interceptar a bola? Agora nós temos uma maneira de ver isso. De novo, que eu saiba, essa empresa nunca foi desmentida. E eles nunca foram procurados para serem entrevistados por essa investigação ridícula. Por que não? Vamos banir esse Textor, esse cara que nos deu esse relatório!
O senhor já viu situações como esta na Europa? Na Premier League? Na França?
— Já me contaram que há um boato de um jogo manipulado por ano na Premier League, ou que pode haver dois na França. Eu entendo que a manipulação é muito mais prevalente na segunda e terceira divisões na Grécia e na Turquia e em outros lugares. E é cada vez mais difícil quando você tem câmeras, VAR, os olhos do mundo. É muito raro.
O senhor não acha que o futebol é muito mais subjetivo do que um vídeo de alguém atirando em outra pessoa?
— Quando um jogador desacelera, quando é um profissional de ponta, quando ele sabe exatamente o que fazer, e ele está se movendo em alta velocidade, e você sabe que ele vê a jogada, ele está correndo, e ele diminui a velocidade… Vamos imaginar algum outro país. Itália. Em que cinco jogadores são acusados de manipulação na mesma partida. Honestamente, isso não significa que sejam más pessoas. Não sei por que estão fazendo isso. Alguém colocou uma arma na cabeça deles? Um jogador importante investigado agora era meu jogador no Lyon, foi para o West Ham, é do Brasil. Eu não sei os motivos pelos quais ele decidiu fazer isso, como são essas situações em outras ligas. Eles estão sendo pagos? Eles estão sendo ameaçados? Eles temem por suas vidas?
Estamos falando do Lucas Paquetá. O que sabe sobre esse caso?
— Sim, ele foi acusado, e eu não sei muito sobre o caso. Mas é um bom exemplo, porque está acontecendo agora, enquanto nós estamos tendo essa discussão. Quando você tem todas essas pessoas no Brasil dizendo “Textor está destruindo o jogo no Brasil fazendo todas essas acusações”. Enquanto isso, você tem árbitro de divisões inferiores gravado, e você tem Ednaldo anunciando uma força-tarefa contra manipulação de resultados, você tem Paquetá sendo acusado. Mas isso não poderia ter acontecido na temporada passada! Como algo que acontece em todos os lugares não pode ter acontecido aqui? Não na temporada passada!
Quão longe pretende ir contra Ednaldo Rodrigues?
— Eu estou sendo processando por Ednaldo, não tenho ideia do motivo. Eu adoraria conversar com ele sobre soluções. Então não tenho nada contra ele, não o conheço, desabafei naquela noite, fui punido por isso, deveria ser o fim. Nunca disse que ele estava envolvido. Eu pedi sua renúncia como líder de uma organização que acho que deveria estar fazendo um trabalho melhor. Bom, também não acho que eles deveriam estar fazendo esse trabalho. Deveríamos ter uma liga. Como a Premier League. Acho que a federação deveria comandar a seleção nacional, vencer a Copa do Mundo. Mas não tenho nenhum problema com ele.
Por que o Brasil não tem uma liga?
— Porque, eu creio, os clubes aqui confundem governança com dinheiro. Eu penso que a razão de a liga não ter acontecido é porque existem brigas sobre dinheiro. Penso que o dinheiro apareceu e disseram “eu sou o dinheiro por trás da Libra e por trás da LFU”. Daí surgiram divisões baseada no dinheiro e perdemos a visão do fato de que os clubes podem fazer um produto melhor para todos, e pode ser exportado com mais sucesso para fora. Isso faria a torta crescer e ajudaria todo mundo a melhorar. Enquanto estamos lutando pelas migalhas domésticas em cima da mesa, estamos deixando os direitos internacionais se tornarem nada. Quando vieram com a merreca para os direitos internacionais, dissemos não. Então o que estamos fazendo, todos os nossos jogos, no nosso estádio, estão sendo transmitidos para 16 países diferentes agora. Estamos comercializando a nossa marca e os times que vão no nosso estádio jogar contra a gente.
— Vou olhar para a câmera, onde está? Ali. Abrafut e Anaf, eu sou o cara que está brigando por um pagamento melhor para os árbitros, condições melhores de treino. O fato de que um cara que quase não entra em campo ganha 800 mil dólares por ano e vocês não é errado. Vamos acertar isso. Vamos criar a liga, fazer as pessoas receberem mais, terem um trabalho integral.
Os árbitros deveriam ser profissionais?
— Penso que se houvesse uma liga, organizada, que fosse gerida pelos clubes, seria um modelo que funcionaria muito melhor. O que tenho a dizer para os árbitros é: isso é sobre desempenho ruim dos jogadores 90% do tempo. Ocasionalmente há envolvimento de árbitros. As evidências que eu entreguei são sobre desempenho dos jogadores. Sobre se os árbitros deveriam ser mais profissionais, aqui vai uma grande ideia. O que acontece se você for mal no seu trabalho?
Eu sou demitido.
— Se um treinador faz um trabalho ruim? Ele é demitido ainda mais rápido. Treinadores saem rápido, jogadores são cortados, times são rebaixados. Se você não jogar bem, vai para a segunda divisão. Sei disso bem porque o Fluminense esteve lá alguns anos atrás na terceira divisão, e voltou para a primeira. Se você não é bom o suficiente para estar na primeira divisão, vá se desenvolver na segunda divisão. Talvez vá para onde o Fluminense foi, lá na terceira divisão. Talvez a CBF diga “vou te colocar de volta na primeira divisão porque você foi muito bem”. Aliás, se um cara na segunda divisão estiver fazendo um ótimo trabalho, traga para cima.
Como responde à crítica de que o Botafogo é um clube-satélite?
— A Eagle é bem clara. Todos os clubes merecem um título. Essa crítica de clube-satélite é usada normalmente em plataformas multiclubes nas quais há literalmente times menores que desenvolvem jogadores para serem aproveitado no clube grande. Eu diria que somos menos uma pirâmide e mais uma constelação. Pensamos que todas as comunidades merecem ser campeãs. Sabemos que essa comunidade ama o clube, os avós amam o clube. Eles não se importam com Lyon ou Crystal Palace. Isso é muito importante e por isso penso que somos diferentes. Eu não inventei a dinâmica na América do Sul ou nos Estados Unidos, onde cada jogador nas Américas do Norte, Central e Sul quer chegar até a Premier League. Isso aconteceu antes de mim. Eles se tornaram a maior liga do mundo não necessariamente porque têm os melhores jogadores, mas porque são mais organizados, é aí que chegamos nessa conversa de liga.
— Estamos tentando reverter o fluxo. Eu estou tentando motivar jogadores de outras partes do mundo [a virem pro Brasil]. Thiago estava nos EUA recebendo ofertas de clubes top da Europa, como da Espanha, e sim, nós pagamos um preço competitivo e demos a ele um planejamento razoável. Mostramos como seria legal ele vir e vencer pelo Botafogo. Ele chegou dizendo que quer ser um ídolo. Ele conhece os grandes jogadores do nosso passado. Eu não estou gastando uma grande quantidade de dinheiro em uma escala global. Esses não são grandes preços para atletas do topo. Eu apenas sou o primeiro a fazer o caminho contrário. Como a compra de 20 milhões é um recorde no Brasil? É um número pequeno na Premier League.
— Dizer que o Botafogo é satélite… pegue seu telefone, eu te dou o número, ligue para o Mathieu Louis-Jean, chefe de scout do Lyon. Pergunto se ele está pronto para ter o Thiago agora. Pergunte se ele prefere que vá logo de cara. A resposta é sim. Foi o time aqui que identificou o jogador, que o convenceu a vir. É por isso que ele está aqui. O mesmo com o Luiz Henrique. Todo mundo sabe que fui até a sala da casa dele, da família, das ligações com o Botafogo. Eu dei a ele o direito em contrato de dizer, nessa janela, que quer voltar para a Europa. Ele veio, está amando e quer ficar mais.
— Esse temor se vão ficar pouco ou muito tempo, isso é com o jogador. Assim como a água flui para onde tem que ir, o mesmo acontece com jogadores. Escravidão e servidão acabaram há muito tempo. No futebol, é muito interessante. O clube detém os direitos, mas o jogador controla o acordo de prestação de serviço. Eles decidem onde querem viver, amar, rir e jogar.
Mas o fato de não haver nenhuma regra de Fair Play Financeiro no Brasil é muito atrativo para alguém que tem clubes na Europa.
— Eu não violei as regras do fair play financeiro em nenhum lugar do mundo. Isso é usar a força do nosso balanço para comprar um ativo, os direitos de um jogador. O fair play financeiro no mundo, e por isso que eu chamei de fraude em um discurso que dei em Londres, é construído para manter os grandes times grandes, e os pequenos, pequenos. Pense nas regras. Você só pode investir 70% das suas receitas nos seus jogadores. Se você já é o Liverpool, ou o Flamengo, tem mais receitas que todo mundo. Se você colocar uma regra dessa aqui no Brasil, você sempre vai ter o Coritiba na parte de baixo da tabela. Essas regras são feitas para manter o status quo. Porque não tenho como alcançar do dia para a noite os 40 milhões de torcedores que o Flamengo tem. Isso é uma fraude, mantém os times pequenos embaixo.
Qual é a melhor solução?
— Se queremos paridade, deveríamos fazer um teto salarial. A NBA, a NFL fazem isso funcionar muito bem. É negociado com o sindicato de jogadores. Cuida não só dos grandes jogadores, mas estabelece um pagamento mínimo para jogadores que estão começando. Estabelece dinheiro para aposentadoria de jogadores. Então, quando a carreira acaba, infelizmente muito cedo, há ajuda e suporte para essas pessoas seguirem para o pós-carreira. E todo mundo tem o mesmo nível salarial. É por isso que Cleveland consegue ganhar um campeonato e Nova York não. Toda cidade pequena na NBA tem chance de vencer um campeonato se for um clube bem gerido e tomar boas decisões. Fazer isso seria maravilhoso. Isso é fair play financeiro.
— Poderia ser feito no Brasil, não na Europa. A razão pela qual não dá para fazer na Europa é que os países são pequenos, as fronteiras todas são próximas. Seria muito fácil para um jogador dizer “eu não gosto do meu teto salarial na Inglaterra, então vou para a França”. A mobilidade dos jogadores torna impossível fazer, a não ser que todos os países da Europa assinem o mesmo teto salarial. O que é ainda mais difícil devido a situações econômicas e financeiras e todo esse tipo de coisa.
— Mas o Brasil é grande o suficiente e dominante o suficiente. Desculpe, Argentina, mas somos nós, no futebol da América do Sul, que poderíamos ter uma estrutura de teto salarial que alcance paridade. Em que o Coritiba tem uma chance de vencer o Flamengo. Competitivamente, sendo esperto, desenvolvendo jogadores, competindo bem, contratando o treinador certo. E, se a liga fica mais forte, todos os times se tornam mais valiosos, mais investimento viria e poderíamos ter a força da Premier League aqui no Brasil. Se vier com o limite de gastar até 70% de receitas, como a Uefa faz, será um mundo diferente. Os clubes do topo vão poder gastar muito dinheiro, e os de baixo não.
Teme regulação de plataformas multiclubes?
— Se você não se importa, eu queria voltar para falar de um grande multiclube. Se não fizermos alguma coisa sobre o Fair Play financeiro aqui, deveria ser um teto salarial, porque não tem os problemas que a Europa tem com teto salarial. Seria um limite contido internamente. Você não poderia gastar mais do que essa quantidade de dinheiro e garantiria que o fluxo ajudasse os jogadores ao longo de todos os níveis. É possível fazer isso de forma bem saudável.
— Se você fizer isso ou nada, e esse é meu aviso para Corinthians, Palmeiras, Flamengo… Se não fizermos algo, vamos acordar daqui a 70 anos, sob a atual estrutura administrativa, com as pessoas que estão aqui hoje, o Bahia vai ganhar o Campeonato Brasileiro em 17 de cada 20 anos.
— Eu amo as pessoas no Manchester City, as pessoas que trabalham lá são incríveis. Mas o fato é que o Brasil trouxe dinheiro do petróleo para casa. Se não fizermos algo agora sobre um teto salarial, o Bahia vai comer nosso almoço. Aquela cidade maravilhosa [Salvador], ótimo hotel, ótima comida, perfeita. Eles vão ganhar todos os campeonatos por 20 anos consecutivos. Lamento dizer isso para os torcedores do Flamengo aí fora. Esqueçam, acabou, acabou. Precisamos consertar isso agora. A Liga tem que ser feita agora, o teto salarial também.
— Eles são Abu Dhabi. Nós temos que competir contra o Catar [PSG] na França. Eu estou disputando com um país, não com um dono. Um modelo de gasto desenfreado, sem restrições. Desde que eles consigam gerar receita suficiente, e eles conseguem devido às relações com o Catar e com os patrocínios. Então eles conseguem colocar as receitas exatamente onde eles precisam, para gastar o que eles querem porque desejam ganhar a Uefa Champions League.
— Eu tenho que competir com isso enquanto dono de um dos grandes clubes da França, que foi campeão nacional sete vezes seguidas entre 2000 e 2008. Agora, aquele clube, o grande Olympique Lyonnais, não consegue competir por nada além do segundo lugar. Nós vamos dar o nosso melhor, espero chutar a bunda deles e que tenham um ano ruim. Mas tudo que precisam fazer é colocar a mão no bolso, soltar um pouco de dinheiro do petróleo e eu já era.
O senhor pretende fazer o IPO da Eagle?
— Sim! Vamos registrar na SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM dos EUA). Nós vamos preparar esse documento logo, nas próximas semanas. Na bolsa de valores de Nova York. Isso vai ajudar o Botafogo. Se for bem-sucedido, vai reforçar nossa base de capital, reduzir a nossa dívida, como por exemplo a que fizemos quando compramos o Lyon
O que acha da decisão da Justiça sobre Vasco e 777?
— Conhecendo os investidores por trás da 777, eu penso que o que aconteceu de errado no Brasil pode ser bem ruim para o país. Porque o clube social foi até o tribunal e tomou o controle do clube. Ele pode até estar certo sobre os problemas na 777, mas acho que deveriam ter esperado até a 777 violar alguma cláusula do acordo.
— O dinheiro por trás da 777 ainda está lá e é muito bem capitalizado. É uma grande empresa de seguros. Se eles escolherem cumprir com o contrato, eles têm todos os recursos financeiros para isso. Logo que começaram a surgir os problemas com a 777 ao redor do mundo, esse grupo assumiu o controle da 777 e eles estão preparados para cumprir as obrigações.
— Tem uma coisa estranha que acontece no Brasil, estranha na perspectiva de um americano, que as pessoas podem ir a um juiz em uma sessão secreta e dizer “Veja, é muito claro o que estamos dizendo”. E as outras partes não são convidadas para se defender, e o juiz toma uma decisão os colocando no comando do clube. Isso é insano. Tem um legítimo investidor multibilionário por trás do Vasco. O cara que deu o dinheiro à 777 e que efetivamente é o proprietário dos ativos agora.
— Vamos falar sobre o Botafogo rapidamente. Nós tivemos altos e baixos dentro da SAF desde que chegamos. Estamos aprendendo a lei. Sabe o quão próximo estivemos de talvez ter a mesma coisa acontecendo com a gente? Pegarem alguma coisa, dizerem que fizemos errado, ir até um juiz e tomar controle do clube. Isso ainda poderia acontecer com o Botafogo hoje. Eu sinto que o que aconteceu com o Vasco vai criar problemas daqui para frente. Vai ser muito difícil para as pessoas confiarem em investir no Brasil. Estou muito preocupado com isso.
O Botafogo está contratando mais jogadores?
— Sim. Mas a razão pela qual eu não falo os nomes é porque isso soaria como uma condenação a alguém que ocupa uma posição específica no campo. Mas os nossos melhores torcedores sabem onde estão as lacunas no time. Vamos fazer algumas coisas. Temos muito poder de fogo em diferentes posições do ataque, especialmente com os novos reforços, Igor [Jesus], o grande meia Allan e, obviamente, Thiago (Almada). Defensivamente estamos olhando algumas coisas.
O Botafogo vai vender jogadores?
— A cada janela tem um fluxo de água entrando e saindo. Então talvez não necessariamente vender, mas pode haver empréstimos para permitir aos jovens que tenham mais tempo de jogo. Nós realmente gostamos do nosso time. Temos grandes jogadores e estamos tentando descobrir como aproveitá-los. Trouxemos Carlos Alberto de volta, eu adoro esse jogador, todo mundo adora, é um atacante muito poderoso. Temos a volta de Matías Segovia, temos que lidar com algumas lesões. Temos que pensar sobre esses jovens jogadores em formação, vamos dar tempo e espaço para eles se desenvolverem. Acho que esses dois jogadores são muito valiosos para o mercado europeu. Não estou prevendo que esses dois serão necessariamente emprestados. É só um exemplo do que você deve fazer quando tem muitos jogadores. E agora sim, temos um time muito bom se formando.
O quanto o senhor se envolve, pessoalmente, com essas decisões de campo?
— Em todas. Eu assisto a tantos jogos, direto no campo ou por vídeo, quanto qualquer pessoa na organização, com exceção do nosso departamento de scout, que deve ver 20 vezes mais jogos do que eu. Mas isso apenas me prepara para fazer as perguntas certas. A Eagle é legal nesse sentido. Eu posso ligar para o Dougie [Freedman] no Crystal Palace e perguntar “o que acha desse jogador no Brasil?”. E ele já sabe porque está de olho em todo o Brasil. Obviamente o líder aqui no Botafogo é Alessandro Brito. Temos uma maneira simples de nos comunicar quando falamos de um jogador de ponta. Recebo feedbacks de Matthieu Louis-Jean, do Lyon. Então, quando você pergunta se eu me envolvo, eu me coloco no meio desses caras todos, eu reúno as opiniões deles. Mas não sou eu quem toma as decisões de futebol. Eles tomam. Eu apenas incentivo uma colaboração entre eles.
O Botafogo ficou um mês sem poder escalar o Savarino, que estava na Copa América. O que acha do nosso calendário?
— Enquanto estrangeiro, eu já assumi problemas suficientes para um ano. Eu não entendo esse problema aqui. É bem manejado na Europa, porque eles alinham todos os calendários. Nós temos um calendário oposto ao do resto do mundo. Talvez por conta disso nos coloque em uma posição em que a Copa América… mas isso é horrível. Savarino é um dos nossos melhores jogadores e tivemos que usar o Tchê Tchê de ponta-esquerda. Amo ele, um dos nossos melhores jogadores, mas ele não é um ponta. Sim, é horrível. O que também é péssimo é a duração dos jogos, a quantidade de tempo parado. Eu amo o Campeonato Carioca, mas… é uma temporada longa com Copa do Brasil, Libertadores. Acredito que o Palmeiras em um bom ano jogue mais do que 60 jogos. É obviamente ruim, mas eu não vou abraçar o mundo. Já estou andando por aí com muitos seguranças.
Qual troféu quer vencer mais, se pudesse escolher só um?
— Eu diria que o Campeonato Brasileiro.
Se o senhor pudesse comprar um jogador, qualquer jogador, sem restrições orçamentárias, qual seria? Qual é seu jogador preferido?
— Bernardo Silva. É o meu jogador preferido no mundo. Ele não sabe disso, ele não se importaria, mas é o tipo de jogador que eu adoro. E realmente gosto muito desse perfil de jogador para nós. É por isso que temos o Thiago Almada. É por isso que temos Matías Segovia, que é uma versão jovem e em desenvolvimento de Bernardo Silva. Um jogador incrivelmente perigoso, que gosta de ter espaço, capaz de enxergar o campo, encontrar seus companheiros.
O senhor gostou mais de ver a Copa América ou a Euro?
— A Euro. Fiquei muito decepcionado com a seleção dos EUA. Eu acho que é muito legal ver as seleções sul-americanas lá em cima, e os EUA foram tirados do caminho relativamente rápido. E o Brasil, eu não quero entrar nesse debate, foi uma grande decepção. Um talento incrível e agora nós estamos em casa.
Há alguma pergunta que não fizemos e gostaria de responder?
— Uma coisa. Eu vim aqui para me divertir. Mas eu tinha que defender meu clube. Eu sabia que este dia chegaria. Eu acreditava que esta era uma partida de xadrez que eu venceria. Eu acho que leva um tempo, se o seu oponente for a corrupção, para saber que você vai levar um xeque-mate. Você só não sabe disso ainda. Então o que eu comecei a fazer foi planejar algo que posso anunciar hoje. Há um bem financiado documentário, que será distribuído globalmente, que estamos produzindo faz um tempo. Se chama “Time to Set Fire”. Botafogo, como vocês sabem, significa exatamente isso. Mas adquiriu um novo significado para mim. Porque eu percebi que deveria queimar a casa da corrupção.
— É a história da origem de um grande clube, que já foi um dos maiores clubes da história do Brasil… [Se emociona] Está acontecendo de novo… É a história de um grande clube, vencedor de grandes campeonatos, um fornecedor de jogadores para a Copa do Mundo, dos grandes jogadores da história do Brasil e que chegou muito perto de reconquistar a glória pela primeira vez desde os tempos de Montenegro e do grande campeonato de 1995. E não aconteceu. Foi dolorido. Fomos do melhor primeiro turno da história do campeonato brasileiro para o pior colapso da história do futebol. É assim que isso é citado fora do Brasil.
— E eu não vou deixar essa história ser contada. Então “Time to Set Fire” é uma história sobre o que aprendemos aqui. Não apenas sobre o Brasil, mas o que aprendemos sobre o resto do mundo. Porque a manipulação de resultados é um problema global, ocorre em todos os esportes, está no futebol, está em todo lugar. E quando este documentário estiver pronto, será muito pouco sobre “você conhece esse gringo que está reclamando do campeonato perdido” e muito mais sobre como o Brasil deu o exemplo para limpar o mundo deste flagelo, o mal da manipulação de resultados.
— Não há o que temer sobre o filme que eu vou fazer. Não vai fazer o Brasil parecer ruim. Vou fazer o Brasil parecer o lugar lindo que eu sei que é. Eu vou fazer justiça ao que aconteceu, vou garantir que seja verídico, que proteja reputações e instituições. E no final das contas o Brasil vai definir o padrão para a limpeza do mundo do futebol. E vou fazer o filme no maior estúdio dos Estados Unidos. Vai se chamar “Time to Set Fire” e vocês verão um trailer nos próximos 45 dias.
– O que aconteceu conosco nunca deveria acontecer de novo. Eu vou dizer de novo: foi uma supressão de pontos de um time e uma aceleração de pontos que favoreceu outro time. Eu sou a única pessoa que vai continuar a dizer que o campeonato do ano passado foi roubado de nós. Eu concordo que nunca vamos ganhar esse troféu de novo. Mas você não vai me obrigar a dizer que perdemos de maneira justa. E para as pessoas que dizem que estou fazendo tudo isso para encobrir o mau comportamento da minha equipe, ou que não jogamos bem o suficiente. Certamente entramos em colapso.
– Nós poderíamos abrir nove pontos de vantagem. Eu sabia que havia manipulação, por isso explodi. Mas eu sentei lá, assistindo àquele jogo, como uma das poucas pessoas na Família Botafogo que sabia que não iríamos ganhar o campeonato. Porque eu sabia que havia muita coisa acontecendo fora de campo que estava nos impedindo. Mas eu estava lá, acreditando, estamos ganhando por 3 a 1, vamos vencer isso. Mesmo com toda a manipulação que eu então já sabia, pensava que ainda iríamos ganhar. E aquele momento aconteceu, aquele cartão vermelho saiu e foi quando nós perdemos o campeonato.
Naquele jogo, quando estava 3 a 1, aos 37 minutos do segundo tempo, o Botafogo teve um pênalti a seu favor. Se a ideia fosse prejudicar o Botafogo, não seria mais fácil para a arbitragem não marcar esse pênalti?
– Esse pênalti foi marcado pelo árbitro de campo, certo? E foi um pênalti claro. Foi o árbitro do VAR [Rafael Traci] que escondeu os ângulos corretos da câmera para o árbitro de campo na expulsão do Adryelson. Suspeito que o pênalti marcado em Tiquinho Soares foi demasiado óbvio para o VAR intervir.
Fonte: ge