Na última terça-feira (20/08), a Justiça impediu o pagamento de um bônus de R$ 7 milhões a diretores do alto escalão da Supervia. Apesar da queda na qualidade dos serviços prestados aos passageiros nos últimos quatro anos e das informações de que a concessionária só conseguiria operar os trens no Rio de Janeiro até o final de agosto, em meio a um processo de recuperação judicial, a Supervia planejava destinar esse pagamento em setembro.
A concessionária justificou que o bônus seria devido ao cumprimento de metas operacionais. Na decisão, a Justiça ressaltou que essa ação resultaria em um déficit de R$ 2,3 milhões até o final do mês. O juiz considerou “inadmissível que, em um cenário de insolvência sequaz à expressiva queda de todos os números do negócio, a companha reconheça que direção e gerência atingiram metas operacionais e desfalque o caixa com plus remuneratório exclusivos a seus executivos”.
O documento ainda revela que o pagamento da bonificação poderá ser remanejado para o final do ano. Questionada pela TV Globo sobre as metas atingidas, a Supervia afirmou que a compensação se trata de um direito trabalhista, mas não forneceu detalhes adicionais.
Na mesma decisão, a Justiça também interrompeu a exigência da concessionária de realizar obras de acessibilidade e reformas em estações e trens, melhorias que estavam incluídas em um compromisso firmado com o Ministério Público.
Devido à insolvência, a empresa só conseguiria operar os trens até o final deste mês, conforme apontou uma consultoria particular apresentada à 6ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio em junho. Para continuar funcionando até dezembro, a companhia precisaria de um aporte de R$ 120 milhões; e o dobro do valor para operar em 2025, segundo laudo particular. O pedido foi negado pelo governo. Uma nova audiência está marcada para o dia 9 de setembro.
Em nota, a Supervia reconheceu que passa por sérias dificuldades financeiras e afirmou que, devido à limitação de recursos, tem priorizado o investimento em segurança operacional e o pagamento dos salários dos colaboradores. A concessionária completa que confia na Justiça para manter a prestação do serviço.
A Secretaria Estadual de Transportes declarou que segue atuando para garantir a continuidade do serviço ferroviário. A Procuradoria Geral do Estado informou que as discussões entre a empresa e o governo seguem em busca de uma solução amigável.

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