Mais uma defensora do fair play financeiro na área. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, pediu a implementação da medida e cobrou até “que venha determinação de cima”, da CBF.
Em entrevista ao podcast “Flávio Prado Entre Amigos“, Leila Palmeiras focou nas críticas a clubes que devem salários ou contratam sem ter condições de pagar.
– Vamos falar de fair play financeiro. É uma coisa muito séria. Aqui no Palmeiras, nós temos essa responsabilidade, mas isso tinha que ser obrigatório. É injusto o Palmeiras deixar de contratar por não querer deixar de honrar os compromissos com os meus profissionais, enquanto outros clubes contratam. Não sei como. Se não paga salário do jogador, como que está adquirindo novos atletas? Essa conta não fecha. Tanto não fecha que está cheio de clubes quebrados – detonou.
– Teria que ser implementado o fair play financeiro. Isso é para a saúde do futebol brasileiro. E vou mais à frente. O presidente tinha que ser responsabilizado pessoalmente pelos desmandos dentro do clube. Se não é fácil, eu torro uma fortuna, saio e largo no colo do próximo presidente. Você é responsável e vai pagar com o seu patrimônio. As leis deveriam ser mais rígidas no futebol. É tudo muito permissivo e por isso os clubes estão quebrados. Como que eu posso entrar no Palmeiras com quatro ou cinco meses de salários atrasados dos atletas e eu ainda adquirindo jogadores? Isso não entra na minha cabeça e não deveria entrar na cabeça de ninguém. O presidente vai sair, é um imediatista, ele quer conquistar o próximo campeonato, o torcedor fica “felizinho”, e no ano seguinte está o clube estourado, sem dinheiro para nada. Deveria vir até de cima, da CBF, uma determinação para que se implemente fair play financeiro para organizar as finanças desses clubes – acrescentou Leila Pereira.
A dirigente crê que o fair play financeiro pode ser implantado no Brasil, com adaptações e tempo para ajustes, e conta detalhes da reunião ocorrida na Comissão Nacional de Clubes na última segunda-feira (2/9).
– Eu acredito. A situação é tão catastrófica de determinados clubes que tem que ter uma solução. Participo da Comissão Nacional de Clubes, não sou membro, sou convidada, eu e o Flamengo. Na última reunião, ficou definido que vai se ressuscitar um projeto, porque já houve trabalho cinco anos atrás, de início de fair play financeiro, um teste. Está embrionário ainda, mas vamos começar a estudar para propor à CBF a implementação. Mas vou falar que alguns clubes não vão querer, está confortável, gastam o que querem, saem da gestão e não acontece nada. Mas eu acredito. Não a curto prazo, mas o caminho tem que esse. Se não todos os clubes vão estar quebrados. O Palmeiras não, enquanto eu for presidente, porque eu não deixo – gabou-se.
– Não precisaria ser fair play financeiro tão rigoroso de cara, seria paulatinamente, senão inviabilizaria a maioria dos clubes. Mas vamos sim estudar uma proposta para fazer à CBF – adicionou.
Leila: patrocínio da Crefisa no Palmeiras não é conflito de interesses
A presidente do Palmeiras, no entanto, acredita não haver conflito de interesses ou problema em sua empresa, Crefisa, ser patrocinadora do clube.
– Essa é uma questão que todas as pessoas que querem falar da nossa gestão falam, do conflito de interesses. Desde que fui eleita esse assunto vem. Nunca entendi que se trata de conflito de interesses, porque o contrato foi assinado pelo presidente Maurício Galiotte. Na época, se juntássemos os dois maiores patrocinadores de rivais na época que renovamos, não daria 70% da Crefisa e da FAM no Palmeiras. Eu era conselheira. Fui eleita, o contrato estava em andamento. Hoje, minhas empresas seguem rigidamente o contrato assinado pelo presidente Mauricio Galiotte. Não vejo conflito de interesse nenhum, o código de ética da CBF não diz que é conflito de interesse um patrocinador ser presidente. Não vejo conflito de interesse onde só ponho dinheiro, não faço nenhum outro tipo de negócio com o Palmeiras. Inclusive com a aeronave que adquiri para o Palmeiras utilizar, [o clube] não gasta em fretamentos de aeronave, economizou R$ 4 milhões este ano. Só estou aqui para colaborar com o Palmeiras. O contrato vai vencer em dezembro, estamos no mercado, fazendo concorrência, para saber realmente o valor da camisa do Palmeiras. Se a Crefisa quiser entrar na concorrência, porque tem direito de cobrir, se entender, quem vai decidir não sou eu, é o conselho de orientação e fiscalização. E eles decidiriam. Se não quiserem, quem vai definir sou eu, porque a presidente define. Conflito de interesses não existe – alega.

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