Finalmente, as preces dos devotos de Senhora das Graças foram atendidas pelo poder público do Rio de Janeiro, e as intervenções tão urgentes no santuário dedicado à Mãe de Jesus, em Copacabana, foram iniciadas. No dia 19 de junho, o DIÁRIO DO RIO publicou uma matéria falando sobre o estado de abandono do Recanto Nossa Senhora das Graças, localizado acima do Túnel Sá Freire Alvim, na Rua Barata Ribeiro, e sobre a Via Crucis enfrentada pelos devotos para a preservação do espaço de oração.
Após anos de reclamações a vários órgãos públicos, a Secretaria Municipal de Conservação (SECONSERVA) deu início à limpeza permanente do Santuário, além de recuperar os bancos usados pelos devotos. A pintura do espaço também foi realizada, bem como a poda de árvores e outras intervenções necessárias, que foram orientadas pela Associação de Moradores de Copacabana (Amacopa). A realização da manutenção e alguns reparados têm sido custeadas pelos devotos, sob os cuidados da Associação.
Um pouco da Via Crucis dos devotos
Aberto na década de 1970, o oásis em meio ao caos de Copacabana, teve como fiel cuidadora a mineira Olívia Fagundes Coelho, que lutou contra muitas intempéries mundanas para honrar o oratório azul instalado em uma pedra pintada de branco, com a imagem da Nossa Senhora das Graças, aos pés da qual muitas missas foram oficiadas por padres da Paróquia de São Paulo Apóstolo, também localizada em Copacabana.
Um dos entraves enfrentados por Dona Olívia foi a falta de documentação comprobatória da propriedade do terreno dedicado à adoração da Santa. O que, com muito esforço e oração, foi resolvido pela fiel devota.
As melhoras estruturais do espaço só vieram após a aprovação, em 2016, da Lei 6.069, de autoria do vereador Carlo Caiado – e sancionada pelo então prefeito Eduardo Paes -, que reconhecia publicamente o local de devoção. No local, onde só havia dois bancos, passou a contar com 14, instalados por fiéis depois da realização de uma vaquinha.

Recanto Nossa Senhora das Graças, em Copacabana, é tomado por moradores de rua e usuários de crack


Mas como a fé precisa ser provada, em 2017, com a expansão do metrô de Copacabana, os frequentadores do Recanto passaram a enfrentar outros obstáculos para cultuar a imagem de Nossa Senhora das Graças. Com as obras, o acesso à fonte de água do santuário ficou inviabilizado pelos funcionários do Metro, que depois de usá-la, a desligaram impedindo o cuidado com as plantas locais – muitas morreram.
Outro problema relatado à reportagem foi quanto à presença de um gerador instalado em uma construção que obstaculizava a passagem dos muitos idosos e deficientes que iam lá rezar. Se para os fieis passar por ali era quase impossível, para moradores de rua e usuários de drogas era fácil até de mais, além de representar uma grande proteção contra eventuais importunações, especialmente de policiais.
“O Recanto de Nossa Senhora das Graças foi durante décadas um agradável local de orações, rezas do terço diárias, em grupos católicos. Era um local limpo e bem policiado. Está há uns 4 anos sendo depredado: imagem de Nossa Senhora das Graças, altar, iluminação, bancos, jardins, entre outros equipamentos. O Recanto, um santuário, como carinhosamente o chamamos, tornou-se, na atual prefeitura, morada livre dos cracudos. De tudo fazem ali. Tudo. Há uma construção abandonada na entrada, que foi usada para guardar um gerador nas obras do metrô. Por ali os drogados entram e a usam livremente como moradia. O metrô foi concluído e aquilo não tem, atualmente, outra função, a não ser a de abrigar drogados. Com isso, nunca mais pudemos frequentar ou rezar no local”, desabafou, na época, a devota Maria Lúcia, antiga frequentadora do espaço.
Mas, em muitos casos reclamar adianta. E a Associação de Moradores de Copacabana não só conseguiu uma vitória contra o abandono do Recanto, como também avançou em outras demandas do famoso bairro turístico. Entre elas, a realização da limpeza e desentupimento dos ralos na Rua Tonelero, via que, em muitos trechos, ficava intransitável.
A Amacopa também pediu e foi atendida quanto à revitalização da Praça Serzedelo Correa, considerada por muitos moradores e trabalhadores do bairro, como um foco de desordem e criminalidade. Cenário que está sendo requalificado através da atuação incansável da associação junto ao poder público.

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