Usado como muleta por times com grandes orçamentos para justificar seus fracassos, o fair play financeiro voltou a ser debatido no Brasil, em reunião da Comissão Nacional de Clubes na sede da CBF. Apresentador do programa “Seleção SporTV”, André Rizek pediu maturidade sobre o tema e sugeriu um controle maior sobre a origem do dinheiro que é aplicado aqui, sem afastar potenciais investidores, como John Textor.

– Tem uma pegadinha muito difícil de ser controlada. Por exemplo, o [Rodrigo] Coutinho monta um time, e eu coloco um patrocínio de R$ 1 bilhão. Eu pago quanto eu quiser. O Coutinho vai dizer que tem patrocínio de R$ 1 bilhão, então pode gastar R$ 900 milhões em contratações. Quem vai dizer se é muito ou pouco? O governo do Qatar compra o PSG, põe na camisa Qatar Airways e fala: “O dinheiro é do patrocínio”. É muito difícil de fiscalizar isso – iniciou Rizek.

– O futebol tem que ficar atento que dinheiro estranho ao futebol não comece a entrar nos clubes, que os clubes vivam do dinheiro do futebol. Acho isso muito importante. Mas é uma questão difícil de ser fiscalizada. Se tem um lado que é extremamente importante, que você fique atento que dinheiro estranho ao futebol comece a entrar nos clubes porque você pode causar um desequilíbrio, você não pode afastar que investidores queiram comprar clubes e queiram transformá-los, mudá-los de patamar – completou.

O apresentador citou o caso do Corinthians, que está devendo dinheiro de transferências de jogadores a clubes como o Cuiabá e, mesmo assim, segue gastando alto em reforços e salários.

– O que é muito simples é o seguinte: o Corinthians tira o Raniele do Cuiabá, não paga, o Cuiabá perde o jogador, não recebe e está disputando o rebaixamento com o Corinthians. Aí o Corinthians vai lá e quer trazer o Depay. Acho que tem que haver um controle. O primeiro ponto do fair play é o calote – alertou.

André Rizek disse que a discussão não deve ser pautada pelo clubismo, citando o caso do Botafogo, que investiu alto e gerou críticas de clubes como Flamengo e São Paulo.

– É uma questão complexa, não é bem contra o mal. Essa discussão nasce quando bilionários russos começam a lavar dinheiro no futebol, aconteceu com o Corinthians (em 2005 e 2006). Você não tinha a origem do dinheiro. Tráfico de drogas? Negócios ilícitos? É uma questão complexa, tem vários lados, e tudo que não precisamos nessa discussão é clubismo. Que a CBF e os clubes ouçam os especialistas e estudem o melhor modelo a seguir, e que não seja uma discussão de bem versus mal, ou de o Botafogo, por estar ganhando, aí vamos tirar o dinheiro dele – finalizou.

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